CUSTOS
Existem
vários e diferentes tipos de custos, e vários significados são atribuídos à
expressão custo de produção. Portanto, simplesmente o termo ‘custo’ tem pouco
significado para os propósitos aqui desenvolvidos.
O
termo custo significa, para os fins da análise econômica, a compensação que os
donos que os detentores dos fatores de produção, utilizados por uma firma para
produzir determinado bem, devem receber para que eles continuem fornecendo
esses fatores à empresa. O termo
compensação é aqui utilizado – e não pagamento – porque existem casos onde tal
‘remuneração’ não acontece de modo formal. Segundo HOFFMANN et al (1987) existe
ainda a possibilidade de alguns donos dos fatores de produção fornecerem seus
fatores ainda que pouco ou nada ganhem com isso. Segundo esses autores “os
proprietários de um negócio que não esteja fornecendo um rendimento normal
sobre o investimento continuarão, muitas vezes, a operá-los por vários anos,
porque eles não podem, rapidamente, retirar o seu capital investido em bens de
produção especializados, com duração de vários anos. Contudo, uma vez
desgastados os bens de capital, o capital-dinheiro não será reinvestido nesse
negócio”.
1.1. Curto prazo e longo prazo
O
curto e o longo prazos são conceitos temporais (envolvem tempo), mas eles não
são definidos como períodos fixos no calendário Sendo assim, pode-se entender o
curto prazo como sendo aquele período de tempo no qual pelo menos um insumo é
fixo, enquanto que no longo prazo, todos os fatores utilizados são variáveis.
Em conseqüência, no curto prazo existem custos variáveis e custos fixos (já que
existem fatores fixos e variáveis), porém, no longo prazo, existem apenas
custos variáveis, ou seja apenas custos que dependem do volume de produção.
Custos
fixos são os custos dos fatores fixos da empresa , portanto, no curto prazo,
independem do nível de produção. Os custos variáveis, ao contrário, dependem da
quantidade empregada dos fatores variáveis e, portanto, varia de acordo com o
volume da produção. Os custos totais da empresa são representados pela soma dos
custos fixos com os custos variáveis.
Como
exemplo, imaginemos uma empresa têxtil que produz camisas. Os custos fixos são
os custos do edifício, da maquinaria e da iluminação; eles independem do volume
de camisas produzido e somente podem ser evitados se a fábrica deixa de
funcionar. Ainda assim, muitas vezes o proprietário continua tendo custos com a
manutenção das máquinas (ou com sua depreciação) e com as demais instalações.
Os custos variáveis dessa empresa podem ser representados, basicamente, pelo
trabalho – número de empregados – e matéria-prima envolvidos na produção, e
irão variar de acordo com o volume produzido, aumentando com um acréscimo na
produção e reduzindo, caso a produção seja diminuída.
1.2. Tipos de custos
1.2.1. Custos explícitos, contábeis ou diretos
Para
um economista, o conceito relevante de mercado pode ser captado pelas alternativas
de mercado. Muitos fatores de produção são comprados no mercado e utilizados
imediatamente na produção da empresa. Uma vez que estes insumos são oferecidos
para venda em um mercado aberto, o custo
alternativo (custo de oportunidade), para qualquer uso específico será igual ao
seu preço de mercado. Por exemplo, suponha que uma empresa rural compre milho,
soja, vitaminas, minerais e outros insumos para a alimentação do seu rebanho.
Esses insumos, comprados em um mercado aberto, têm preços específicos. Esses
preços, multiplicados pela quantidade, podem então ser utilizados no cômputo do
custo de produção daquela atividade específica. Esses custos dos insumos que
são diretamente determinados pelo produto final, são denominados custos
explícitos.
1.2.2. Custos implícitos, indiretos ou econômicos
Os custos implícitos constam dos custos dos fatores que a
empresa já possui, quase sempre não registrados pela contabilidade, por não
constituírem despesas pagas, em dinheiro, durante o processo produtivo (por
exemplo, aluguel não recebido por uma propriedade possuída e utilizada pela
firma). Nessa abordagem dos custos, os fatores pertencentes à empresa e
utilizados no processo produtivo têm custo associado, medido pelo seu preço em
uso alternativo, ou seja, preço relativo ao que o empresário está deixando de
receber ao alocar os recursos produtivos em sua empresa. Vale salientar a
necessidade de se verificar a existência de oportunidade relacionada aos
recursos, pois, nem sempre os recursos próprios devem ter custos implícitos.
1.2.3. Custos fixos
Os custos fixos são aqueles que permanecem inalteráveis
durante um período de tempo (curto prazo) e independentes do nível de produção.
Esses custos ocorrem, mesmo que o recurso não seja utilizado. No longo prazo,
como todos os insumos podem Ter suas quantidades variadas, os custos fixos são
inexistentes.
Outra característica dos custos fixos é que eles não estão
sob o controle do administrador no curto prazo; eles existem no mesmo nível,
independente de quanto do recurso é utilizado. Outra maneira de conceituar os
custos fixos, e que facilita o seu entendimento é apresentado por REIS e
GUIMARÃES (1986), que os consideram como sendo aqueles correspondentes aos
recursos que:
a) têm duração superior ao curto prazo, portanto sua
renovação só acontece no longo prazo;
b) não se incorporam totalmente no produto no curto
prazo, fazendo-o em tantos ciclos quanto permitir a sua vida útil;
c) não são facilmente alteráveis no curto prazo, e o seu
conjunto determina a capacidade de produção da atividade, ou seja, sua escala
de produção;
O custo fixo total (CFT) é simplesmente a soma dos vários
tipos de custos fixos e inclui, usualmente os componentes: depreciação,
seguros, impostos e juros.
O custo fixo médio (CFMe) , que expressa o custo fixo por
unidade de produto (Y) é determinado pela equação:
CFMe = CFT / Y
Em que o produto é medido em unidades físicas. Uma vez que,
por definição, o custo fixo total é um valor fixo ou constante, independente do
nível de produção, o CFMe irá decrescer continuamente, com o aumento da
produção. A tabela 3.1 apresenta os custos fixos e os custos fixos médios de
uma firma hipotética.
1.2.4. Custos variáveis
Os custos variáveis são aqueles sobre os quais o
administrador exerce controle no curto prazo. Eles podem ser aumentados ou
diminuídos pala ação direta do administrador e irão variar no mesmo sentido das
mudanças na produção. Itens como semente, fertilizantes, produtos químicos,
gastos com sanidade de rebanho, com serviços de máquinas e com mão-de-obra, em
geral, são exemplos de custos variáveis. Se nenhum produto for produzido, o
custo variável pode ser evitado.
De
acordo com REIS e GUIMARÃES (1986), os custos variáveis são os custos com
recursos que apresentam as seguintes características:
a)
têm duração inferior ou igual ao curto prazo, sendo,
portanto, sua recomposição feita a cada ciclo do processo produtivo;
b)
incorporam-se totalmente ao produto no curto prazo,
não sendo aproveitados (pelo menos não claramente) para outro ciclo;
c)
são alteráveis no curto prazo e estas provocam variações
na quantidade e na qualidade do produto dentro do ciclo. Essas variações se
verificam em certos níveis permitidos pelo conjunto dos recursos fixos e pelas
técnicas de produção.
O
custo variável total (CVT) pode ser encontrado pela soma de cada custo variável
individual, que é igual à quantidade do recurso comprada, multiplicada pelo
preço. O custos variável médio (CVMe) é o custo variável total dividido pelo
produto, e é calculado pela equação:
CVMe
= CVT / Y
O
custos variável existe tanto no curto, quanto no longo prazo, sendo que, neste
último, todos os recursos são considerados variáveis. Assim, a distinção entre
custos fixos e variáveis também depende do exato ponto no tempo, no qual a
próxima decisão será tomada. Gastos com fertilizantes são, geralmente,
considerados custos variáveis. No entanto, uma vez que ele tenha sido comprado
e aplicado, o administrador não tem mais controle sobre esse gasto. Esse custo
deve ser, então, considerado como fixo para o restante do ciclo de produção
desse produto e futuras decisões devem considerar esse fato. O custo com
trabalho e o custo de arrendamento da terra são exemplos similares. Após a
contratação da mão de obra e o contrato de arrendamento Ter sido assinado o
administrador não pode alterar o valor e seus custos devem ser considerados
como fixos durante o contrato. Os custos variáveis totais e os variáveis médios
hipotéticos para um empresa fictícia, são apresentados na tabela 3.1.
1.2.5. Custo total
O custo total é a soma do custo fixo total e do custo
variável total (CT = CVT + CFT). No curto prazo, ele irá aumentar somente com o
aumento do CVT, uma vez que o CFT é um valor constante. O custo total médio
(CTMe) para um determinado nível de produto é igual à soma do CVMe e CFMe ou,
ainda, igual a:
CTMe = CT / Y
O custo total médio é tipicamente decrescente, em baixos
níveis de produção, uma vez que o CFMe decresce rapidamente, e o CVMe pode
também ser decrescente. A elevados níveis de produção, o CFMe irá decrescer
menos rapidamente e o CVMe irá aumentar e será maior mais rapidamente do que a
taxa de decréscimo do CFMe. Essa combinação faz com que o CTMe aumente. A
tabela 3.1 apresenta os custos totais e os totais médios hipotéticos.
1.2.6. Custo marginal
O custo marginal (CMa) é definido como a variação no custo
total dividido pela variação do produto:
CMa
= D CT / D Y, ou ainda como CFT não
varia CMa = D CVT/ D Y
O
custo marginal é também apresentado na tabela 3.1.
1.2.7. Custo operacional
Pode ser definido como o custo de todos os recursos de
produção que exigem desembolso por parte da empresa para sua recomposição.
Esquematicamente, o custo operacional compõe-se de todos os itens de custo
considerados variáveis adicionado de uma parcela dos custos fixos, e ainda pela
parcela da mão de obra familiar que, embora não remunerada, realiza serviços
básicos imprescindíveis ao desenvolvimento da atividade.
A
finalidade do uso desse custo é mostrar, caso a empresa não tenha remuneração
igual ou superior ao custo alternativo, se e quanto ela tem de resíduo que
remunera em parte o capita;, o tempo, a administração e recursos
auto-renováveis.
Tabela 3.1. CFT, CVT, CT, CMa, CTMe, CVMe e
CFMe para uma empresa hipotética
Produto (Y)
|
CFT
|
CVT
|
CT
|
Cma
|
CTMe
|
CVMe
|
CFMe
|
(a)
|
(b)
|
( c)
|
(d)
|
(e)
|
(f)
|
(g)
|
(h)
|
|
$
|
$
|
$
|
$
|
(d/a)
|
(c/a)
|
(b/a)
|
0
|
10,00
|
0,00
|
10,00
|
|
|
|
|
1
|
10,00
|
4,00
|
14,00
|
4,00
|
14,00
|
4,00
|
10,00
|
2
|
10,00
|
7,50
|
17,50
|
3,50
|
8,75
|
3,75
|
5,00
|
3
|
10,00
|
10,75
|
20,75
|
3,25
|
6,92
|
3,58
|
3,33
|
4
|
10,00
|
13,80
|
23,80
|
3,05
|
5,95
|
3,45
|
2,50
|
5
|
10,00
|
16,70
|
26,70
|
2,90
|
5,34
|
3,34
|
2,00
|
6
|
10,00
|
19,50
|
29,50
|
2,80
|
4,92
|
3,25
|
1,67
|
7
|
10,00
|
22,25
|
32,25
|
2,75
|
4,61
|
3,18
|
1,43
|
8
|
10,00
|
25,10
|
35,10
|
2,85
|
4,39
|
3,14
|
1,25
|
9
|
10,00
|
28,30
|
38,30
|
3,20
|
4,26
|
3,14
|
1,11
|
10
|
10,00
|
32,30
|
42,30
|
4,00
|
4,23
|
3,23
|
1,00
|
11
|
10,00
|
38,30
|
48,30
|
6,00
|
4,39
|
3,48
|
0,91
|
12
|
10,00
|
47,30
|
57,30
|
9,00
|
4,78
|
3,94
|
0,83
|
13
|
10,00
|
60,30
|
70,30
|
13,00
|
5,41
|
4,64
|
0,77
|
14
|
10,00
|
78,30
|
88,30
|
18,00
|
6,31
|
5,59
|
0,71
|
15
|
10,00
|
102,30
|
112,30
|
24,00
|
7,49
|
6,82
|
0,67
|
A
curva de custo fixo total é paralela ao eixo das quantidades, uma vez que
independe do nível de produção. Situa-se acima do eixo das quantidades por sua
distância equivalente aos custos fixos. Por sua vez, o custo variável total,
que depende do nível da produção, cresce à medida em que maior quantidade de
produto é produzida, isto é, maior quantidade de insumo variável está sendo
utilizada. Inicialmente, a curva de custo variável total cresce a uma taxa
decrescente e depois a uma taxa crescente. Enfim, a curva de custo total é
paralela à curva de custo variável total, e são separadas por uma distância
equivalente ao custo fixo total.
A curva de
custo fixo médio inclina-se para baixo e para a direita em toda a sua extensão
não interceptando o eixo horizontal ou o vertical. É uma hipérbole retangular.
A
curva de custo variável médio, geralmente tem a forma de “U”. Inicialmente,
apresenta uma inclinação descendente e depois passa a Ter uma inclinação
ascendente. O mesmo formato é observado nas curvas de custo total médio e, vale
ressaltar, tal forma depende da eficiência com que ambos os recursos, fixos e
variáveis, são utilizados.
Geralmente,
a curva de custo marginal também apresenta uma forma “U”, conseqüência do
formato da curva de custo total.
1.3. Equilíbrio da firma em um mercado de competição perfeita
Em
competição perfeita, a firma estará em equilíbrio quando o custo marginal do
insumo utilizado na produção igualar-se à receita marginal auferida com a venda
da mercadoria, que deve ser igual ao preço de mercado do bem. Assim:
Cma = Ma =
Py
1.4. O nível ótimo de produção da firma
Segundo
LEFTWITCH (1991:192)
“ O nível de produção em que o custo médio a curto prazo é o mínimo é
aquele em que o tamanho da firma é o mais eficiente. Aqui, o valor dos
investimentos nos recursos, por unidade de produto, é mínimo. Esta quantidade
de produto é chamado nível ótimo de produção. O termo ótimo significa “mais
eficiente”. Qualquer que seja o tamanho da empresa, a produção de custo médio
mínimo é o nível ótimo de produção para aquele tamanho de firma.
Vale salientar que o nível ótimo para dado tamanho de firma
não é, necessariamente, aquele em que a firma obtém o maior lucro. A existência
de lucro e a sua magnitude depende tanto da receita quanto do custo.
1.5. Curvas de custo no longo prazo (LP)
No longo
prazo, em virtude da inexistência de custos fixos, todos os ajustamento de
escala (tamanho) são passíveis de serem realizados. A análise é feita
considerando o LP como uma sucessão de situações de curto prazo.
Como
pode-se imaginar, os possíveis tamanhos de firma são infinitos. Para cada
tamanho imaginado haverá um imediatamente um pouco maior ou um pouco menor.
Como a curva de custo médio no LP é formada por pequenos segmentos de curvas de
custo médio no CP, a CmeL pode ser construída como sendo a linha tangente a
todas as possíveis curvas de CmeCP, que representam os possíveis tamanhos da
firma.
Economias e deseconomias de escala de escala
Normalmente, a curva de custo médio
de longo prazo tem forma de “U”. Isso ocorre, segundo LEFTWITCH (1991), se a
firma tornar-se sucessivamente mais eficiente até um determinado ponto (um
tamanho limite) e, a partir de então, tornar-se sucessivamente menos eficiente.
Eficiência crescente associada a
tamanhos cada vez maiores de planta reflete-se por curvas de custo médio de
curto prazo situadas sucessivamente em níveis mais baixos e mais à direita. A
eficiência decrescente é demonstrada pelo movimento inverso, resultando em uma
curva CmeLP também em formato de “U”.
“As
forças que levam a curva CMeLP a decrescer em maiores níveis de produção e
dimensões da empresa são chamadas “economias de escala”. Duas importantes
economias, nesse sentido são:
a) Crescente possibilidade de divisão e especialização da
produção;
b) Crescentes possibilidades de uso e desenvolvimento
tecnológico avançado e, ou, equipamento maiores.
[...] Mesmo considerando tais
questões, existem limitações à eficiência em administrar e controlar
(coordenar) uma só firma com grandes proporções. Estas limitações são
denominadas “deseconomias de escala” LEFTWITCH (1991:195,196)
Tamanho ótimo da firma
O tamanho
ótimo da firma refere-se à planta mais eficiente de todas as que a firma pode
estabelecer. Em outras palavras, o tamanho ótimo da firma é aquele que faz com
que a curva de custo médio de curto prazo atinja o ponto mínimo no mesmo nível
de produção que o custo médio de longo prazo.
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